quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!

“Feliz Ano Novo!” Juro que essas palavras pareciam ecoar em minha cabeça. Justamente com o medo de um futuro incerto pela frente. Um futuro que decisões que teriam conseqüências para a minha vida toda. Pela primeira vez eu estava com medo de dar adeus ao ano velho. Sempre almejei a chegada de um ano novo, pelo simples fato que esperar coisas boas e novas. Um recomeço, cheios de juras e promessas que as quais eu nunca cumpria. Cheio de expectativa, mudanças para melhor e novos amores. Mas as decepções sempre viam. O janeiro cheio de juras, esperanças e mudanças nunca acontecia. O resto dos meses eram a mesma coisa de sempre. E as promessas, a listas de coisas que irei fazer nesse ano, ficavam para traz. Então quando chegava o ano novo novamente eles reviam como uma fênix, até com desejos novos. Mas logo depois morriam, como todas as outras vezes. Então, depois de ter passado por decepções e por muitas alegrias também. Mas um ano novo estava para chegar. Não fiz listas, não fiz juras ou promessas, não pedi mudanças ou novos amores. Simplesmente me lembrei de um velho poema de Andrade, antes mesmo da contagem recessiva, corri para meu quarto e baguncei a gaveta da pequena cômoda, em busca do poema.

Receita de Ano Novo
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

E então a única coisa que desejei for ter forças para poder fazer o meu próprio Ano Novo.